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domingo, setembro 28, 2003

Há sempre uma história… (De indiferente a Fã nº 1) 

Nota de edição:
A música moderna portuguesa vive da arte e da excelência dos seus artistas. Cultivar e fomentar a mmp também passa por cimentar o valor dos trabalhos de excepção. O testemunho que recebemos ilustra a forma como se "perde" e como se "recupera" o fio condutor de um conhecimento.
Apesar de todos os constrangimentos de divulgação com que se confrontam os nossos músicos, as suas obras perseguem o sonho e encontram o caminho sublime do imaginário de gerações.
Persona Non Grata e Um Mau Rapaz



Quando os UHF soltaram os seus “Cavalos de Corrida” eu andava pelos 14 anos. Nessa idade de emoções “À Flor da Pele ”, ouvi-os muito. Gostava: era a música, eram as palavras que mexiam comigo. Mas depois, o tempo foi passando, outros percursos musicais se cruzaram nos meus caminhos e dos UHF foram ficando apenas, de vez em quando, as impressões de algum tema mais tocado na rádio ou mais comentado pelos colegas do liceu, da Faculdade, do trabalho: “Devo eu”, “Jorge Morreu”,“Estou de Passagem”, “Menina estás à Janela” , “ Sarajevo”… Até que todas essas as lembranças se foram perdendo na distância…
Há pouco menos de um ano, antes da saída da Ópera, um amigo falou-me dos UHF, da força e da persistência do António Manuel Ribeiro (AMR), do seu respeito e admiração por este lutador teimoso que sobrevive à tacanhez do luso universo musical. Olhei-o com algum cepticismo e não manifestei interesse em saber mais. Porém, no próprio dia em que foi posto à venda o álbum “La Pop End Rock”, o entusiasmo do meu amigo tocou-me de alguma forma (fado? destino? sorte?) e, algo laconicamente, pedi-lhe que me deixasse ouvir os discos. Dias depois, ouvi os dois CD, acompanhando com o Libreto (impresso a partir do site na Internet). Voltei a ouvir, a escutar, voltei a ler e a reler…
O fascínio foi total: há muito tempo que não ouvia nada tão bom, que me agarrasse de forma tão intensa, que me transmitisse tantas e tão fortes emoções… É a história de uma vida que se desenrola nesta fantástica Ópera-Rock, uma vida por dentro e ao lado de outras vidas, uma vida, afinal, paralela também à minha vida. É a história do rock português e é a história de todos nós.
Quis conhecer um pouco mais de perto os artífices desta obra-prima da música portuguesa de qualidade. Tenho tido esse privilégio e tenho vindo a descobrir pouco a pouco quem são, na realidade, os UHF e que poderosa energia se solta das composições de AMR. Seguindo, através dos discos e de alguns textos, o percurso dos UHF ao longo dos seus 25 anos de existência, com os seus altos e baixos, com as canções que representam o melhor e o pior de uma vida (como acontece, de resto, com todas as vidas) tenho-me tornado uma verdadeira apreciadora do trabalho de AMR e daqueles que o têm acompanhado neste projecto.
Alguns trabalhos agradam-me mais, outros menos, tendo também em atenção a época e a conjuntura social em que nasceram. Alguns temas tocam-me de forma particular, porque falam de coisas com que me identifico ou que também vivi, outros afastam-se mais das minhas sensibilidades, mas descubro sempre razões para respeitar o trabalho sério de alguém que acredita e que põe naquilo que faz o melhor de si. E para não ter dúvidas disto basta-me ouvir os sucessivos trabalhos dos UHF ao longo deste percurso que lhes permitiu chegar a “La Pop End Rock.”

Sara Marina Augusto



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