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terça-feira, setembro 30, 2003

Um poema perdido no cyber-espaço... 

http://noturna.free.fr/Sons/Amrdan.mp3




domingo, setembro 28, 2003

Há sempre uma história… (De indiferente a Fã nº 1) 

Nota de edição:
A música moderna portuguesa vive da arte e da excelência dos seus artistas. Cultivar e fomentar a mmp também passa por cimentar o valor dos trabalhos de excepção. O testemunho que recebemos ilustra a forma como se "perde" e como se "recupera" o fio condutor de um conhecimento.
Apesar de todos os constrangimentos de divulgação com que se confrontam os nossos músicos, as suas obras perseguem o sonho e encontram o caminho sublime do imaginário de gerações.
Persona Non Grata e Um Mau Rapaz



Quando os UHF soltaram os seus “Cavalos de Corrida” eu andava pelos 14 anos. Nessa idade de emoções “À Flor da Pele ”, ouvi-os muito. Gostava: era a música, eram as palavras que mexiam comigo. Mas depois, o tempo foi passando, outros percursos musicais se cruzaram nos meus caminhos e dos UHF foram ficando apenas, de vez em quando, as impressões de algum tema mais tocado na rádio ou mais comentado pelos colegas do liceu, da Faculdade, do trabalho: “Devo eu”, “Jorge Morreu”,“Estou de Passagem”, “Menina estás à Janela” , “ Sarajevo”… Até que todas essas as lembranças se foram perdendo na distância…
Há pouco menos de um ano, antes da saída da Ópera, um amigo falou-me dos UHF, da força e da persistência do António Manuel Ribeiro (AMR), do seu respeito e admiração por este lutador teimoso que sobrevive à tacanhez do luso universo musical. Olhei-o com algum cepticismo e não manifestei interesse em saber mais. Porém, no próprio dia em que foi posto à venda o álbum “La Pop End Rock”, o entusiasmo do meu amigo tocou-me de alguma forma (fado? destino? sorte?) e, algo laconicamente, pedi-lhe que me deixasse ouvir os discos. Dias depois, ouvi os dois CD, acompanhando com o Libreto (impresso a partir do site na Internet). Voltei a ouvir, a escutar, voltei a ler e a reler…
O fascínio foi total: há muito tempo que não ouvia nada tão bom, que me agarrasse de forma tão intensa, que me transmitisse tantas e tão fortes emoções… É a história de uma vida que se desenrola nesta fantástica Ópera-Rock, uma vida por dentro e ao lado de outras vidas, uma vida, afinal, paralela também à minha vida. É a história do rock português e é a história de todos nós.
Quis conhecer um pouco mais de perto os artífices desta obra-prima da música portuguesa de qualidade. Tenho tido esse privilégio e tenho vindo a descobrir pouco a pouco quem são, na realidade, os UHF e que poderosa energia se solta das composições de AMR. Seguindo, através dos discos e de alguns textos, o percurso dos UHF ao longo dos seus 25 anos de existência, com os seus altos e baixos, com as canções que representam o melhor e o pior de uma vida (como acontece, de resto, com todas as vidas) tenho-me tornado uma verdadeira apreciadora do trabalho de AMR e daqueles que o têm acompanhado neste projecto.
Alguns trabalhos agradam-me mais, outros menos, tendo também em atenção a época e a conjuntura social em que nasceram. Alguns temas tocam-me de forma particular, porque falam de coisas com que me identifico ou que também vivi, outros afastam-se mais das minhas sensibilidades, mas descubro sempre razões para respeitar o trabalho sério de alguém que acredita e que põe naquilo que faz o melhor de si. E para não ter dúvidas disto basta-me ouvir os sucessivos trabalhos dos UHF ao longo deste percurso que lhes permitiu chegar a “La Pop End Rock.”

Sara Marina Augusto



sábado, setembro 27, 2003

Chama-se Narciso... 

Nota do editor:
Desculpa Henrique, mas com uma praia com o nome de Narciso... não resistimos! :)
Persona Non Grata e Um Mau Rapaz


Obrigado...!

A história que a "gente" vos quer contar... não, não é Trovante em "Travessa do Poço dos Negros" (um dos "hits" do álbum "84")... como ia dizendo, a história que vos quero aqui contar, aconteceu fez num destes últimos dias, qualquer coisa como 6 anos.
Eu tinha lido no Cardápio do Blitz, numa das raras alusões à banda, que os UHF iam dar um concerto em Carcavelos (na praia) e como não havia de ser assim tão difícil de dar com aquilo, desafiei um primo meu e a minha namorada de então.
Aí fomos nós, mais um concerto e de facto não foi complicado de chegar ao local, pois esse meu primo até fazia ali praia ás vezes, quando ia com uns vizinhos à boleia. Aguardou-se, pois até havia uma banda na 1ª parte, que até tocou um tema que falava no HIV+ ... cantou outro que era banda sonora de uma novela de então (desculpem-me, mas eu na altura não via nenhuma novela, apesar do esforço dos meus companheiros em me situarem o tema no contexto da dita)... e já passava da meia noite, quando eu e o meu primo estamos a deambular pela lateral do palco em plena areia e passam por nós, o Toninho, o Marco Cesário e o Jorge Costa... "ups, anda Zeca, que isto vai começar!!!".
Olhem, na Praia do Narciso não estava muita gente... o ano passado vim a saber a porcaria de divulgação que foi feita do concerto (perguntem ao Poeta)... mas a cena foi memorável... eu contabilizo ao minuto o tempo dos concertos... aquele teve 2h25m... perdi a conta aos encores... eu gritei como louco durante o concerto MAIS UM DIA (SEM REMÉDIO)... numa das subidas ao palco após (mais) um encore, lá veio o tema e o Toninho apontou logo para mim... conhecemo-nos nesse dia...!
Agora vem o "orgasmo"... o êxtase que me há-de acompanhar para a cova... o momento sublime de uma existência... que de tão simples, foi tão marcante... ao sairmos do local, vamos a passar ao lado do palco e em amena cavaqueira, estão AMR e ACR com pessoas de família e amigos... eu... eu... eu... poxa, eles não hão-de levar a mal... ANTÓNIO, chamei eu... "Sim", responderam em coro... os dois, claro... dirigem-se a mim e eu só comento: "Muito obrigado pelo magnífico concerto a que acabámos de assistir! 2h25m de puro rock!".
O Senhor António Manuel Ribeiro só me diz esta "pérola": "Muito obrigado a vocês porque vieram!". Eu, naquele momento, percebi porque uns andam por aí há muitos anos e outros não passam "da cepa torta"!!! Meus amigos, isto é o quê? Humildade? Classe? Vendedor de Sonhos? Não sei... mas eu posso durar 60... 70... 80... anos e não vou esquecer esta frase... ainda para mais, já várias vezes a voltei a ouvir da mesma boca, para outros ouvidos... e até para os meus!!!
Falou-se mais um pouco... o Toninho falou do interessante que seria passarem pela nossa zona (Odivelas/Loures) e fomos de regresso a casa... os meus companheiros de viagem não sei como iam, mas eu ia "nas nuvens"! Ficámos com duas palhetas que o Toninho atirou nesse concerto, eu tenho o line-up dele e as cábulas do Poeta... mas, mais importante... tenho aquela frase que ainda hoje serve de mote quando me desloco para os ver ao vivo!
Este ano na Caranguejeira (Leiria), após o concerto, dá-se a já habitual "invasão" aos camarins e a dada altura entra uma senhora... da geração da minha mãe... assim não falo em idades... uma jovem... e diz que veio de Coimbra de propósito para os ver, para O ver, pois gosta muito de o ouvir e queria dar-lhe "um beijinho"... o Poeta, com o seu charme agradece, mais uma vez agradece a presença e beija a senhora... enquanto a senhora falou, não havia barulho naquele camarim... a Tribo é "radical", mas respeitadora... e no fim eu, o Jaime e mais alguns aplaudimos aquela senhora tão simpática e com tão bom gosto... ela foi com toda a certeza com excelente imagem daquele grupo e daqueles fãs!
É isto que marca a(s) diferença(s)... é isto que faz a "história"... é isto que marca toda uma quantidade enorme de malta... não escamoteiem esta realidade... não tapem "o Sol com a peneira"...!!!

Henrique Salgado, Figueira da Foz



sexta-feira, setembro 26, 2003

Blitz e Pink Floyd (2) 

Começo a ficar aborrecida com as "fugas em frente" existentes em relação a uma questão que tem animado a secção "Voz do Povo".
Refiro-me à comparação, realizada por Jorge Mourinha, entre UHF e Pink Floyd, aquando da crítica a "La Pop End Rock" inserta na vossa edição de 24/6/2003.
Para Mourinha, em 15/7/2003, e para António Pires, em 5/8/2003, a comparação é positiva.
Afirma Pires, "Vou citar um camarada meu: e desde quando comparar alguem aos Pink Floyd é desprestigiante?".
Para que toda a gente tenha a questão bem presente, julgo essencial recuperar a afirmação de Jorge Mourinha inserida na supra-referida crítica e que motivou todos os comentários:
"É difícil afastar a condescendência quando alguns dos interlúdios instrumentais parecem decalcados da fórmula Pink Floyd "Dark Side Of The Moon"".

Não me parece necessária mais nenhuma explicação para percebermos o cariz negativo da "comparação".
Deitar areia para os olhos dos leitores do vosso jornal é que não me parece sensato.
É bonito assumir a verdade.
Inverter esta realidade não é respeitar os vossos leitores, nem respeitar a capacidade intelectual dos mesmos.
O texto de António Pires, em 5/8/2003, sobre os UHF, é muito bom, mas, fica por perceber o motivo pelo qual os leitores do Blitz foram privados de notícias sobre este grupo, durante anos.
Sobretudo, depois de, assim, tomarmos conhecimento da fera em palco que é António Manuel Ribeiro!
Dadas estas polémicas, já comprei o último disco e só posso dizer que é melhor que o "À Flor da Pele".
Quase tão bom quanto o "Noites Negras de Azul", mas, nessa altura, já o António Pires não escutava UHF...

Sandra Pinhão, Fundão, 12/08/2003 (carta enviada para o Blitz e que não foi publicada)



segunda-feira, setembro 22, 2003

O manual do verdadeiro fã 

Recentemente reuniram-se na Mealhada, cerca de 7 dezenas de fãs dos UHF para um Fórum, onde várias questões foram debatidas, desde o estado da rádio em Portugal, até à vida da banda.
Tal Fórum decorreu durante a tarde, tendo à noite havido concerto, aparecendo então, mais alguns fãs, fazendo a festa durar até às tantas.
O que me leva a escrever este texto é o acto de reflexão sobre o facto do que é que leva pessoas de várias idades, a deslocarem-se "n" Kms, a fim de assistirem a um concerto dos UHF.
São fãs que já têm família constituída (esposa/marido, filhos), mas que não abdicam de marcar presença; seja deixando as crianças com os avós, seja até, trazendo os rebentos consigo (dando azo assim a que a continuidade esteja garantida).
Só para dar exemplos desta Tour de 2003, a abertura na Covilhã, numa fria noite de Março, teve fãs de Leiria, Glória do Ribatejo e Felgueiras (por exemplo); no 1º de Maio, em Lisboa, estiveram amigos de Alverca e Figueira da Foz; em Marinhais, então, a "coisa" esteve ao rubro, com a malta da "casa", os "vizinhos" de Glória do Ribatejo e Muge, mas também com visitantes de locais tão dispersos como: Leiria, Viseu, Sobral Mte Agraço, Figª Foz, Alverca, Seixal e... imaginem... PARIS!!!
Nesta 2ª feira na Moita, (n.r: dia 15/09/2003) os "créditos" voltaram a não ficar por "fãs alheios"...!!!
Na noite do Casino, a meio de uma semana laboral, houve quem fizesse meio milhar de Kms, para ali estar a fazer a "festa"; também havia malta de Cascais... Alverca... Barreiro... Alentejo... mas o que é isto?!?!?!
Culto?
Loucura?
Não ter mais nada para fazer?
Já se sabe que há dois fãs, que dentro em breve vão começar a pôr no papel uma espécie de estudo sobre o que tudo isto representa, o porquê de tudo isto acontecer!
É um dado adquirido que "tudo isto" gera laços de amizade; há fãs que convivem graças a esta Causa; trocam-se mails, sms, gravações áudio e vídeo, CD´s, fazem-se refeições de confraternização, as famílias já se conhecem, etc etc etc...!!!
O que gera esta onda de entusiasmo?
A música, o concerto em si?
Há fãs que já viram a banda ao vivo, 20, 30, 40 vezes...!
O convívio?
Pode ser; o Site/Chat trouxe muita malta que se deu a conhecer!
A amizade com os membros da banda?
Ora aqui está um "por-maior": os Artistas deverão ser "deuses" e estar acima do patamar que permite aos fãs ter à-vontade com eles; ou deverão fazer como os UHF: humildade, simplicidade e gosto em falar com os fãs?
Se calhar, aqui nesta pequena/grande nuance está o factor que marca a diferença!
Pelos amigos corremos Mundo... com os amigos "subimos montanhas"... graças aos amigos, o "preto" muitas vezes fica "branco"...!
Por tudo isto ( e mais alguma(s) coisa(s) ), há toda uma "tribo" sempre a circular por essas estradas fora...!
"Aqui vamos nós, mais um concerto..."

Henrique Salgado, Figueira da Foz



Blitz e Pink Floyd 

Um quarto de século.
Não vou falar da história dos média em Portugal nos últimos 25 anos.
Não falo porque não sei.
Só conheço as ascensões e inevitáveis quedas de diferentes títulos (Sete, Êxito...) neste período.
Antes quero mostrar a minha indignação pela forma injusta como os UHF tem sido tratados pelos média.
Vinte cinco anos de longevidade.
De canal maldito a dinossauros (até o Prof. Galopim de Carvalho se irritaria, tal o significado que têm dado à palavra), tudo tem servido para denegrir a imagem da verdadeira banda rock portuguesa.
A última, pasme-se, é a comparação com os Pink Floyd.
Como se isso não bastasse o derradeiro trabalho da banda é classificado com 6 em 10.
O que me entristece é que estas divagações "floidianas" partem do único jornal do género em Portugal, o Blitz.
Crendo que a opinião de um jornalista não faz a filosofia de um jornal desejaria que o vosso título, de quem sou assíduo leitor, faça as pazes com o genuíno rock feito em Portugal, o puro e duro, o contra poder, os UHF.
Venham mais vinte e cinco.
A saga continua...

Diamantino Sousa, Faro, 22/07/2003 (carta enviada para o Blitz e que não foi publicada)



Há Vinte e Cinco Anos...  

Há vinte e cinco anos, numa altura de bonomia musical e ingenuidade de quem tudo quer fazer, nasceu, entre outras, uma banda que se assumiu como "fazedora" de rock português.
Imbuída de um espírito jovem e, ao mesmo tempo, clarim de ansiedades da malta da altura, abanou, de vez, com certos valores e impôs-se. Até hoje.
Sem disfarce, assumidamente talentosos e teimosos, cá estão os UHF, mais uma vez a pautarem-se pela diferença.
Neste, por vezes, Portugal dos pequeninos, sai o desafio de uma ópera rock.
“La Pop End Rock” conta estórias da história, de todos nós e de ninguém.
Os UHF, sabe-se lá porquê, arrastam multidões para as dezenas de concertos e iniciativas.
O culto continua vivo e rejuvenescido ao fim de tanto tempo.
E há quem queira fazer de conta, neste país do faz de conta, que nada se passa.
Vale o testemunho de tantos, todos os anos.
A força de António Manuel Ribeiro e dos UHF é a força de tanta gente.
Há vinte e cinco anos também era assim.

Rui Correia, Amadora.



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